Clarissa não sabe por o que esperar. Na verdade, sua única expectativa é que seu dia termine logo, por isto sabe que perde semanas de sua vida com o nada. Não há aproveitamento. Sorri,
brinca, conversa, mas ao fim do dia sente-se sozinha. Sente que falta alguma
coisa. O que é? Ela sabe, só não quer admitir. Admitir requer dela mais responsabilidades, que ela enfrente mais dores e problemas. Por isto ela
vive assim, meio cheia, meio vazia.
Tempo tem sido um grande médico e um verdadeiro
coelho da estória da Alice. Médico, pois curou certas feridas do passado.
Coelho, pois foge tão rapidamente que ela nem percebe. Quando ela se deu conta,
já estava longe demais. Longe de todos os seus planos do passado, de seus
companheiros, de tudo. Praticamente uma nova pessoa. Suas vestes, seu jeito
e sua fisionomia mudaram. Para melhor? Quem sabe! Depende do ponto de vista.
Chamam isso de crescer, Clarissa chama de abandono. Abandono de velhos (e
talvez bons) atos.
O maior aprendizado que Clarissa obteve foi se amar.
Amar de verdade. Amar com todas as letras. E esse amor próprio foi o que a
impulsionou para frente (ou para cima, como quiser que chamem).
