Falta
de dosagem
Falar do peso é algo
complicado. Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB) existem mais de 65
milhões de brasileiros (40% da população) com excesso de peso, enquanto 10
milhões são obesos. Esse é um dado alarmante. Quando se trata das crianças, um
dos motivos para essa situação é a publicidade abusiva. Os pequenos são atraídos
pelos brinquedos que vêm nas embalagens do alimento.
A tática é trazer algum
personagem querido do cinema e da televisão para a comida, fazendo com que a
criança desperte seu desejo por adquirir tal produto. Nem sempre o desejo é por
gostar realmente, apenas por almejar algo que está na moda e que todos os
outros possuem.
Na escola, as crianças
que se alimentam corretamente chegam a sofrer um certo tipo de discriminação
por não seguirem essa moda. Então aqui vai um questionamento: até que ponto a
publicidade pode influenciar os menores a querer algo e não aceitarem que os
outros não façam o mesmo?
O filme “Muito além do
peso” mostra claramente a vida e a rotina de crianças que sofrem esse problema.
Fast-food, sucos de caixinha, refrigerantes, salgadinhos e doces são os mais
consumidos por elas, que quando questionadas sobre o nome de determinadas
frutas... erram absurdamente. Quando proibidas de ingerir alimentos gordurosos,
como a batata-frita, gritam, choram e se jogam no chão para ter o que querem e
os pais acabam cedendo, que é o que acontece na maioria dos lares. Apenas uma
das crianças demonstra querer mudar e emagrecer, mas a maioria não.
Isso tudo está conectado
com a televisão. Segundo o Painel Nacional de Televisores, crianças entre 4 e
11 anos assistem em média 5 horas do aparelho por dia. No filme, o aparelho
chega a ser comparado com um vendedor e que, portanto, deve-se tomar um cuidado
especial.
Além da publicidade, a
compulsão pela comida pode ser causada por traumas que a criança tenha passado,
como Leo, de nove anos, que aparece no filme e que passou pela separação dos
pais. Após o fim do casamento, por não expor o que estava sentindo, o garoto
passou a comer mais para compensar, até chegar a um estágio que possui colesterol
alto e cansaço nas pernas.
Muitas das crianças
sofrem preconceito por estarem acima do peso. São xingadas e convivem com um
verdadeiro bullying. Esse é um ato que não se esquece. Por esse fator, várias
delas acabam precisando de um profissional para orientá-las e dar um suporte.
Falta também uma melhor
educação alimentar nas escolas. As crianças são ensinadas a como calcular e
escrever, mas no quesito alimentação chegam à vida adulta deficientes e sem
preparo algum. Algumas escolas não só não fazem esse tipo de educação, como
oferecem almoços e lanches que fogem totalmente de uma dieta equilibrada.
Uma parcela da culpa
para tudo isto é dos pais, querendo ou não. São eles que devem monitorar os
filhos e que precisam ter o pulso firme para proibir os alimentos que causam
mal à saúde. Quando cedem podem estar fazendo um bem temporário para o filho,
mas a comida é algo que, se não dosada, destrói qualquer um com o tempo.
Aline Nunes